sexta-feira, 15 de maio de 2009

Amor de filha


Há dez anos, tive o privilégio de receber no dia das mães e do meu aniversário -10 de maio esta linda e emocionante carta de amor da minha filha Luciana, hoje, jornalista. A emoção foi enorme, mas passados esses anos tudo continua igual entre nós. Ainda bem!!!
Resolvi postar esta carta pois ela faz parte das minhas histórias e este ano novamente as duas datas caíram no mesmo dia. (A foto é deste ano...10 anos mais velha!!!!!)


Para minha mãe, no seu duplo dia

Às vezes fico pensando e me perguntando o motivo pelo qual Deus nos põe no mundo através de uma maneira tão rudimentar, mesmo nesses tempos de progresso desenfreado. Por que será que o Criador anda tão atrasado? Afinal, poderíamos vir ao mundo a partir de uma descarga eletromagnética, ou por teletransporte, talvez protegidos por cápsulas blindadas de última geração, e até, (quem sabe) via internet?
Ao invés disso, continuamos cruzando as fronteiras desse universo através de uma simples barriga de mulher. Depois do encontro entre dois seres diferentes entre si e praticamente incompreensíveis, somos fecundados no interior do corpo da mulher. (Isso, pelo menos da maneira mais tradicional). Ali permanecemos durante nove meses de nossa existência. Meses dos quais nunca mais nos lembramos, pelo menos não conscientemente. (Quanta ingratidão!). Todos dizem que a hora da partida (e também hora da chegada) é difícil e dolorosa. Quanto trabalho! Tudo poderia ser resolvido se simplesmente nos materializássemos, não é mesmo?
E o mais curioso vem após o nosso nascimento para o outro mundo que não o “mundo-barriga”. Por forças absolutamente incríveis e inexplicáveis, nós mantemos uma profunda ligação com nossas “embalagens”. Veja só, até nisso o Criador ainda não se modernizou. Ainda não inventou recipientes descartáveis. Nós saímos de dentro das “embalagens”, mas continuamos presos a elas, e elas completamente responsáveis por nós. Inventaram, inclusive, um nome para elas. Cada uma é chamada de “MÃE”.
O mais interessante é que essa curta palavra de três letras é uma das mais pronunciadas em todo o mundo, sucedida ora por grandes reclamações, ora por melosos pedidos, algumas vezes por sinceras declarações.
Como considero de extrema dificuldade a análise de uma situação tão complexa e generalizada como essa, tento interpretá-la através de uma visão mais específica: a da minha própria existência. Se cada um de nós tem sua própria “embalagem”, como seria a minha?
Minha “embalagem” é extremamente engenhosa, como aquelas invenções que lemos no manual do Professor Pardal. Consegue ser terrivelmente “impiedosa” em algumas decisões sem, contudo, perder a ternura jamais (Seria uma alusão ao companheiro Che Guevara?). Mostra-se onipresente, mas sempre que considera conveniente, espreita, como que querendo ajudar sem invadir, dar a mão sem pretender conduzir. Fica perto, como um porto em que tenho certeza que sempre poderei atracar, sem necessitar de permissão prévia, burlando a burocracia , que com ela não existe.
Na convivência diária, é extremamente colorida, essa minha “embalagem”. E não falo aqui dessas cores de uso externo, como amarelo, azul, etc. falo de uma espécie de cor muito mais bela e rara do que esas todas . Uma cor que colore a “minha embalagem” por dentro e fora dela para o mundo exterior, colorindo todos que a rodeiam, e, principalmente, a mim e a mais outras duas criaturas que também foram embaladas por ela. É, porque outra característica dessa “embalagem” é a sua alta resistência. Tanto que agüentou (e ainda agüenta) o tranco de acondicionar três seres em seu interior. E ela pode ainda mais! É capaz de agüentar qualquer tipo de tranco que abale uma dessas três criaturas.
É indispensável comentar como essa embalagem é desdobrável e múltipla. Afinal, conseguiu desdobrar cada uma dessas criaturas isoladas em uma teia muito forte e bem tecida: esses três seres individuais por sua causa, viraram “IRMÃS”. Escrevo em letra maiúscula porque essa palavra aqui não significa apenas seres nascidos do mesmo encontro, e gerados na mesma “embalagem” (IRMÃS= irmãs+ amigas) Equação complexa tal qual àquelas do colégio que nunca resolvi, nunca! Mas, graças à minha “embalagem”, essa equação é muito bem resolvida em minha existência, tornando esta última, muito mrelhor.
Nossa, essa “embalagem” que tenho é tão funcional que acho que me estendi demais! E olha que não enumerei quase nada do que ela faz e representa, heim? Não pude nem comentar a sua teimosia que às vezes rima com sabedoria, a sua mudança de consistência (ora sólida como uma rocha, ora frágil como um bibelô de porcelana), a sua energia que pulsa, pulsa, pulsa...
Mas acho que enquanto falava um pouco sobre MINHA “embalagem” pude compreender o porquê de Deus não ter sucumbido aos encantos do progresso, até hoje. Afinal, para que outro tipo de “embalagem” eu poderia ser capaz de dizer, hoje e todos os dias de minha jornada aqui naAfinal, para que outro tipo de “embalagem” eu poderia ser capaz de dizer, hoje e todos os dias de minha jornada aqui na Terra; EU TE AMO!!! Como sempre, o Criador exercitou sua perfeição. Mudar a “embalagem”? Não, nenhuma outra seria tão intrincada, misteriosa e DELICIOSA!!! Agradeço a Ele por ter saído dessa “embalagem” e por dividir com ela os desafios de NOSSA existência! Valeu muito Mãe!!!

4 comentários:

Carla Rosso disse...

É impressão ou você já postou essa carta da sua filha? Lembro-me de algo bem parecido,não sei...
Marisa, sua filha é LINDONA,super estilosa, uma graça.

Parabéns por suas filhas e por elas serem tão amáveis com você. Sei que você merece toda ternura do mundo.

Anônimo disse...

Lindo Marisa, não há nada melhor para uma mãe rceber o carinho de seus filhos.
Bjs.
Janeisa

SGi/Sonia disse...

Marisa eu não sei quem teve mais sorte nessa vida, se foi você ou se foram suas meninas, familia linda e cheia de amor!

Beijins:*

Dulce Miller disse...

Que carta linda, parabéns pela filha!!!

Beijos

Dê uma comidinha ao panda