sábado, 28 de junho de 2008

Um gato muito especial!!!


Parece que foi ontem que chegou aqui em casa, dentro de uma caixa de papelão, um gatinho branco, que cabia na palma da mão e tinha lindos olhos azuis. Porém, estava com carinha de doente e muitas pulgas.
Confesso que nem quis pegá-lo, não queria bicho em casa. Mas lá no meu íntimo já me apaixonara por uma coisinha tão pequena!
Seria uma gatinha? Era o que pensávamos e já tinha até nome, quando no dia seguinte foi ao veterinário e soubemos que era um gatinho. Era tão pequeno e indefeso quando tentava entrar na caixa de areia ou comer!
O nome dele ficou sendo Mingau (parecia um mingau de maisena)!
Para minha surpresa ele me elegeu para sua amiga e me seguia por onde eu fosse. Conclusão...o danadinho me conquistou totalmente com seu carinho e olhar meloso. Estava dominada!!!
Hoje, passados dois anos e meio , ele está enorme e a cada dia mais levado e arteiro, sobe em tudo. Seu lugar de observação na cozinha é em cima da geladeira para poder ver tudo que se passa, também gosta muito de subir nos cabideiros de bolsas, acho que pensa que é árvore, além de entrar nas pias e outros lugares que não são adequados. Caixas nem pode ver, pois entra e chega a dormir lá dentro. Mas com todas as suas artes e brincadeiras ele enche esta casa de alegria.
Para mim, confesso, foi um grande presente que minha filha Luciana ganhou, e que no final quem aproveita sou eu.
Amo Mingau de coração e cuido dele com muito amor e carinho. Ele é muuuuuuuito especial.

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Mais um livro imperdível sobre contos de fadas


“Fadas no Divã” – Diana L. Corso e Mário Corso

Uma pequena amostra de apresentação...

“A psicanálise sente-se à vontade no terreno das narrativas, afinal, trocando em miúdos, uma vida é uma história, e o que contamos dela é sempre algum tipo de ficção. A história de uma pessoa pode ser rica em aventuras, reflexões, frustrações ou mesmo pode ser insignificante, mas sempre será uma trama, da qual parcialmente escrevemos o roteiro. Freqüentar as histórias imaginadas por outros, seja escutando, lendo, assistindo a filmes ou a televisão ou ainda indo ao teatro, ajuda a pensar a nossa existência sob pontos de vista diferentes. Habitar essas vidas de fantasia é uma forma de refletir sobre destinos possíveis e cotejá-los com o nosso. Às vezes, uma história ilustra temores de que padecemos , outras encarna ideais ou desejos que nutrimos, em certas ocasiões ilumina cantos obscuros do nosso ser. O certo é que escolhemos aqueles enredos que nos falam de perto, mas não necessariamente de forma direta, pode ser uma identificação tangencial, enviesada.
A paixão pela fantasia começa muito cedo, não existe infância sem ela, e a fantasia se alimenta da ficção, portanto não existe infância sem ficção. Observamos que, a partir dos quatro últimos séculos , quando a infância passou a ter importância social, as narrativas folclóricas tradicionais , os ditos contos de fadas, constituíram-se numa forma de ficção que foi progressivamente se direcionando ao público infantil. Hoje, os contos de fadas são considerados coisa de criança, mas curiosamente muitos deles continuam estruturalmente parecidos com aqueles que os camponeses medievais contavam. Como foi que esses restos do passado vieram parar nas mãos das crianças de hoje?
O livro apresenta duas questões:
A primeira é direcionada a essas narrativas folclóricas sobreviventes. Embora muita coisa tenha mudado no reino dos homens, parece que certos assuntos permanecem reverberando através dos tempos. Os temas do amor, das relações familiares e da construção das identidades masculina e feminina ainda podem inspirar em narrativas muito antigas.São problemas e soluções de outrora, mas que surpeeendetemente encontram lugar no interesse de pessoas atuais.
A segunda questão é saber se os contos de fadas podem evoluir. Se analisarmos as histórias infantis mais recentes, mas que tornaram-se clássicas, ao longo do século XX, talvez possamos compreender melhor algumas coisas sobre as crianças e as famílias de nosso tempo”.

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quinta-feira, 19 de junho de 2008

Amigos para sempre


Muitas vezes me pergunto por que sou tão privilegiada com relação aos amigos. Gostaria de prestar uma homenagem a todos eles, mas seria impossível, pois as diferenças me mostraram que cada um é único e me fez em determinado momento muito feliz.
Não falo de qualquer amigo. Falo de AMIGOS de mais de 50 anos e que nos encontros que temos, o tempo não passou, é como se fosse ontem e ontem já vai longe!!! Mas foi um tempo feliz em uma rua inesquecível: a Fagundes Varela, (a maioria morava lá). Éramos um grupo bem levado, mas, acima de tudo, amigos. Brincávamos na chácara que havia ao lado do “sobrado” onde moravam de uma só vez... seis irmãos. Aprontávamos muito nos fins de semana quando passávamos trotes memoráveis pelo telefone (na época não era caro!), dançávamos (dizia-se copo d´agua dançante )ao som de Ray Conniff no salão, sem móveis. Vivíamos no cinema e na praia. Fizemos “serenata” na madrugada em plena areia da praia com direito a polícia e tudo, pois pensavam que éramos marginais! Assim íamos passando o tempo que não passava igual a hoje. Eram bailes de formatura nos clubes da praia com orquestras como: Tabajara, Spilmam e seu violinos, Waldir Calmom entre outras. Não havia muito namoro e nem ficar como hoje, a paquera era calma e, às vezes, demorada!
Hoje, ainda nos encontramos em momentos felizes e infelizmente alguns tristes, mas o que é importante na nossa amizade é que ela supera distâncias e tempo. A última vez que nos vimos parecia que tinha sido ontem que nossas histórias haviam acontecido, pois elas estão gravadas em nossas mentes e ao relembrá-las é como re-viver aqueles momentos únicos e inesquecíveis.
Há também as amigas de outros momentos, como colégio, mas que também são do coração. Algumas estiveram juntas desde o curso primário, outras no curso normal (em 2009 faremos 50 anos de formadas!) Uma é mais especial porque foi desde o primário até entrarmos para a faculdade. Hoje, ela e eu temos o privilégio de sempre estarmos juntas, seja nas reuniões de normalistas, seja no Clube que juntas fundamos há 11 anos (para pessoas da terceira idade).
Mas dentre todos os amigos e amigas, um sempre foi especial. Dançamos juntos toda a adolescência, fizemos muitas loucuras, nos entendíamos super bem, (até hoje) como irmãos. Realmente sempre foi um amigo diferente.
Poderia ficar horas falando dos meus amigos. Sei que os que lerem esta declaração de amor, (porque é uma declaração de amor a eles), vão identificar-se e, certamente se lembrarão daquele tempo que não voltará, mas que tivemos o privilégio de vivê-lo juntos, porque, sem dúvida, são eles que fazem a vida valer a pena.
Amo vocês!!!!!
Vinícius de Moraes disse um dia
“Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida... mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure sempre...”

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quinta-feira, 12 de junho de 2008

Fantoches


Os Fantoches são uma forma divertida de fazer crianças, adolescentes e idosos descobrirem a possibilidade de confeccionar e manipular bonecos, feitos de vários materiais, como: jornal, tecido, garrafas, colheres de pau, copos de iogurte, etc, e, com eles, montar histórias que podem virar peças.
Com os idosos a resposta é excelente, pois voltam ao passado e ficam livres para criar personagens fantásticos de sua imaginação e com eles montam cenas com belas histórias.
O Fantoche é uma forma de brincar, ou seja, através de sua confecção e manipulação os participantes de uma oficina vão poder mostrar toda a sua criatividade.
Existem várias técnicas para a confeção dos fantoches, entre elas, as marionetes.
Um dos fantoches mais criativos, principalmente com crianças e idosos, é o que é feito com jornais e depois vestido com o material que mais agrada a quem o criou, como: papel crepom, malha, tecidos, etc. Este é o meu preferido com os idosos que trabalho. Eles gostam muito.
O livro que recomendo é muito interessante, pois apresenta variadas técnicas e fotos que nos ajudam a melhorar o trabalho.

“Fantoche e Cia.”- de Idalina Ladeira e Sarah Caldas - ed. Scipione (não sei se mudou a editora)

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Livros que nos ajudam a entender os Contos de Fadas

“A importância dos Contos de Fadas em nossa cultura dificilmente pode ser exagerada. Eles assumiram na época moderna uma função civilizadora , didática e edificante. Histórias como: Cinderela, Branca de Neve e a Bela e a Fera, entre muitas outras hoje difundidas pelos meios de comunicação de massa, foram aceitas como parte de um tesouro comum e ajudaram a consolidar um universo de mitos partilhado por pessoas das mais diversas idades e experiências. Bastaria isso para recomendar sua leitura.”

Da Fera à Loira – Marina Warner
Sobre Contos de Fadas e seus Narradores

“Pelo menos desde o Romantismo, os contos de fadas têm sido comumente entendidos como narrativas, imutáveis, puras, que resistiram ao tempo e se transmitiram pela tradição oral através das gerações. Essa visão, que se poderia chamar de arquetípica, tende a interpretar os contos no horizonte de uma mesma experiência humana, supostamente constante , a que se poderiam afinal reduzir as diversas tradições literárias e culturais dos povos. A essa mesma tendência se soma a leitura psicanalítica dos contos de fadas, interessada em revelar o seu sentido mais íntimo e universal. Sob o véu dos mitos, do maravilhoso e do mostruoso, tão freqüentes nesses contos, a psicanálise procurou apontar o conflito das pulsões e o drama dos sentimentos próprios à natureza e à sociedade humana.
Apesar de reconhecer os méritos e as contribuições da leitura arquetípica e psicanalítica dos contos, a autora Marina Warner propõe ao leitor uma abordagem nova e surpreendente, que esclarece aspectos fundamentais negligenciados pela tradição crítica. Trata-se de apontar a genealogia e os contextos históricos dos contos de fadas, que constituem o pano de fundo em que eles se movem e se transformam. O realismo histórico desses contos, como nos mostra a autora , foi obscurecido desde que o francês Perrault e outros grandes autores do século XVII e XVIII definiram as características modernas do gênero. Os contos de fadas foram então domesticados e adaptados para o uso infantil, e é, sob essa forma particular que ainda hoje são habitualmente recebidos.
Com seu foco na representação da figura feminina (seja ela uma personagem ou a voz de uma narração), o livro reexamina a misoginia de alguns dos mais célebres contos de fadas e, a partir deles, toda a história conturbada desse gênero e de suas muitas possibilidades expressivas, ainda hoje abertas à criação. Desde suas remotas origens na Antigüidade e no oráculos das Sibilas, passando pelos contos que celebrizaram uma imagem cruel da mulher (nas figuras da bruxa, da madrasta) e também do homem (no caso notório de Barba Azul), os leitores acompanham uma historiadora capaz de desvelar não apenas os mitos que cercam essas narrativas e que, sorrateiramente, costumam guiar a nossa compreensão.”


Mulheres que Correm com os Lobos – Clarissa Pinkola Estés
Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem.
“Os lobos sempre rondaram o universo da psicóloga junguiana Clarissa P. Estés em sonhos ou mesmo na vida real.
Ao estudar esses animais, ela observou várias semelhanças entre a loba e a mulher, principalmente no que se refere à dedicação aos filhos, ao companheiro e ao grupo. Ao longo do desenvolvimento da civilização, porém, esses instintos mais naturais a que a autora dá o nome de Mulher Selvagem, foram sendo domesticados, sufocando todo o potencial criativo da alma feminina.
Clarissa, além de analista junguiana é Cantadora , ou seja, Contadora de Histórias . Ela mostra no livro como, a partir de mitos, contos de fadas, lendas do folclore e outras histórias, a mulher pode se ligar novamente aos atributos saudáveis e instintivos do arquétipo da mulher selvagem.”


A Psicanálise dos Contos de Fadas - Bruno Bettelheim
Neste livro o autor Bruno Bettelheim faz uma radiografia das mais famosas histórias para crianças, arrancando-lhes o seu verdadeiro significado.
“Os contos de fadas considerados por pais e educadores até pouco tempo como “irreais”, “falsos” e cheios de crueldade, são, para as crianças, o que há de mais real, algo que lhes fala, em linguagem acessível, do que é real dentro delas. Os pais temem que os contos de fadas afastem as crianças da realidade, através de mágicas e fantasias. Porém, o real, a que os adultos comumente se referem, é o externo, é o mundo circundante, enquanto que o conto de fadas fala de um mundo bem mais real para as crianças. E deixa isso bem claro quando situa as histórias na “Terrra do Nunca”, ou no “Era uma vez um país muito longe”..., ou “Numa época em que os bichos falavam”, evidenciando, assim, que não se trata do aqui, nem do agora da realidade adulta, mas de um território fora do tempo e do espaço.
Durante muito tempo, os contos de fadas ficaram esquecidos, desprezados e banidos sob a alegação de irreais e selvagens, em vista de suas tramas sempre altamente dramáticas. Depois que a psicanálise desmitificou a “inocência” e a “simplicidade” do mundo da criança, os contos de fadas voltaram a ser lidos (e discutidos), justamente por descreverem um mundo pleno de experiências, de amor, mas também de destruição, de selvageria e de ambivalência. A psicanálise provou que, na verdade, os pais temem que os filhos os identifiquem com bruxas e monstros, ogros e madrastas e, em conseqüência, deixem de amá-los. Porém, ao contrário, podendo vivenciar tudo, identificando-se com os personagens, os filhos têm sua agrssividade diminuída, podendo amar os pais de maneira sadia.O conto, assim, contribui para um melhor relacionamento familiar, desmanchando as fontes de pressão agressiva que, caso contrário, seriam dirigidas aos pais. Mas a maior contribuição dos contos de fadas é em termos emocionais, propondo-se e realizando concretamente quatro tarefas: fantasia, escape, recuperação e consolo. Desenvolvem ainda a capacidade da fantasia infantil; fornecem escapes necessários falando aos medos internos das crianças , às suas ansiedades e ódios, seja como vencer a rejeição (como João e Maria) , ou a rivalidade com irmãos (Cinderela), ou conflitos com a mãe (como Branca de Neve) ou sentimentos de inferioridade (As Três Penas).
Os contos aliviam as pressões exercidas por esses problemas; favorecem a recuperação, incutindo coragem na criança, mostrando-lhe que é sempre posível encontrar saídas. Finalmente, os contos consolam e muito: o “final feliz” que tantos adultos consideram falso e irreal é a grande contribuição que os contos fornecem à criança, encorajando-a à luta por valores amadurecidos e a uma crença positiva na vida.
O livro mostra as razões , as motivações psicológicas, os significados emocionais, a função do divertimento, a linguagem simbólica do inconsciente que estão subjacentes nos contos infantis”.

Livros que eu recomendo


Sou uma leitora compulsiva e não posso colocar de uma só vez uma bibliografia, pois ficaria enorme, mas estes livros ajudam bastante para que a leitura dos contos seja bem entendida.
São livros antigos, mas que continuam atuais, entre eles destaco:
A Gramática da Fantasia – Gianni Rodari – ed. Summus;
História Social da Criança e da Família - Philippe Ariès – ed. Guanabara;
Uma História da Leitura – Alberto Manguel – Companhia das Letras;
O Conto Popular– Michèle Simonsen – ed. Martins Fontes;
Fábulas Italianas – Italo Calvino – ed. Companhia das Letras;
O Imaginário no Poder – Jackeline Held – ed. Summus.

A Gramática da Fantasia – Gianni Rodari

“Através da revelação e da análise de variadas técnicas de invenção, este livro oferece um eficaz instrumento para os que acreditam no lugar da imaginação na educação, para os que acreditam na criatividade infantil, para aqueles que sabem o valor de liberação que a palavra pode ter.
O diferencial do livro é que é enriquecido por um farto repertório de respostas orais e escritas dadas por crianças, colhidas pelo autor ao longo de muitos anos de atividade.”

História Social da Criança e da Família – Philippe Ariès

“A sociedade da metade do século XX, com os problemas que se colocam diante de nós, como a atitude diante da vida , a atitude diante da morte, os contraceptivos, etc., são para mim, fontes históricas. Não posso fazer abstrações das observações que faço quando saio à rua. A vida de todos os dias é apaixonante e quanto mais ela for cotidiana mais ela é apaixonante.
O fundamental é o desejo de encontrar um mistério central, mas nunca estamos diante desse mistério, estamos no meio da rua. Então, eu caminho por um mundo que é um mundo de curiosidade, excitando constantemente minha curiosidade, algumas vezes maravilhando-me: por que tal ou qual coisa? E é isso que me faz pular para o passado: eu penso que nunca segui um comportamento histórico que não tivesse como ponto-de-partida uma questão colocada pelo presente.” (Philippe Ariès)

Uma História da Leitura – Alberto Manguel

“De certa forma, todo livro escolhe seu leitor, mas Uma História da Leitura parece ter um modo muito particular de exercer essa escolha: talvez com uma ou outra exceção, todos os que se dispõem a lê-lo integram a comunidade anônima da pessoas que gostam de ler . Por isso, cada uma delas encontra no livro certos fragmentos de sua própria experiência: o encantamente do aprendizado da leitura, a leitura compulsiva de tudo (livrinhos de escola, cartazes de rua, rótulos de remédio,etc), o prazer solitário de ser amigo do peito de Simbad, o Marujo, de acompanhar a multiplicação dos significados de uma palavra, de descobrir o final da história. Como um volume da biblioteca impossível de Borges, o livro de Alberto Manguel contém um pouco da autobiografia de cada um dos seus leitores.
E, sem dúvida, também do autor, cuja erudição ao falar de séculos e séculos de história é primeiro filtrada por uma vivência pessoal intensa. A clareza do texto de Manguel parece refletir uma generosidade, uma vontade de compartilhar informações, perspectivas e modos de sentir o ato de ler.
“Ler para viver”, Flaubert escreveu, ou na visão de Kafka, “Ler para fazer perguntas”. Das plaquinhas de argila da Suméria aos nossos cibertextos, sabemos que a história registra não só uma infinidade de motivações para a leitura, mas também para a sua proibição, como se fosse da natureza da palavra escrita penetrar a intimidade do leitor e fazê-lo agir, fazê-lo mover-se para lugares que só ele é capaz de escolher. O Ato de Ler pressupõe e, simultaneamente, cria uma liberdade.
Alberto Manguel é primeiro um leitor, e, nesta condição , se escolheu para narrar as conformações da leitura ao longo do tempo, é porque está ciente de quantos tentáculos uma boa história pode ter”.

Curiosidade:
O autor de “Uma História da Leitura”, Alberto Manguel, deu uma entrevista para as páginas amarelas da revista Veja de 07 de julho de 1999 onde conta porque tornou-se um escritor. Ele durante dois anos foi à casa de Jorge Luis Borges, para ler textos os quais ele não mais podia enxergar. Desta forma solidificou sua paixão pela leitura e tornou-se um grande escritor.

O Conto Popular – Michèle Simonsen

“Quando se fala em Conto Popular logo se pensa nos Contos de Perrault. Os verdadeiros contos populares, aqueles que ainda há pouco tempo estavam vivos na tradição oral, foram recolhidos pelos folcloristas da boca de marujos, camponeses, artesãos, etc., esses contos são muito numerosos e bem diferentes das dezenas de narrativas adaptadas por Charles Perrault para as damas da corte de Luis XIV.
Têm também um sabor bem diferente das histórias adocicadas dos livros infantis.
O conto popular não é apenas uma forma de literatura oral. É uma prática social que só pode ser plenamente compreendida dentro de uma perspectiva etnológica.
O objetivo do livro é permitir que o leitor conheça as riquezas da tradição oral e as pesquisas que estão sendo realizadas no estudo dos contos populares”.

O Imaginário no Poder - Jacqueline Held

“É um amplo painel das tendências da literatura infantil moderna, apoiado em múltiplos textos, extraídos de autores de diferentes países, incluindo o Brasil.
A autora associa os mais variados aspectos da Literatura Infantil, inclusive o humor e a ficção científica , à evolução psicológica e intelectual da criança, apontando os caminhos para a formação de um futuro adulto equillibrado e consciente de si mesmo”.

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terça-feira, 10 de junho de 2008

Homenagem aos Idosos


Ser voluntária é muito bom, mas ser voluntária em uma casa de idosos é excelente, pois com eles tenho aprendido a dar valor à vida e saber tirar dela o melhor. Eles são especiais nos trabalhos que fazem comigo e nas histórias que contam e que criam. É um privilégio participar de cada encontro .
Esse apelo e essa oração são a minha homenagem a todos.

APELO DE UM IDOSO

Se meu andar é hesitante e minhas mãos estão trêmulas, ampara-me.
Se minha audição não é boa e tenho que me esforçar para ouvir o que você está me dizendo, tenha compaixão.
Se minha visão é imperfeita e o meu entendimento é escasso, ajude-me com paciência.
Se minhas mãos tremem e derrubam comida na mesa ou no chão, por favor, não se irrite, tento fazer o melhor que posso.
Se você, me encontrar na rua, não faça de conta que não me viu, pare para conversar comigo, sinto-me sempre só.
Se você, na sua sensibilidade, sentir que estou triste e só, simplesmente partilhe um sorriso e seja solidário.
Se lhe contei pela terceira vez a mesma história num só dia, não me repreenda, simplesmente ouça-me.
Se me comporto como criança, às vezes, cerque-me de carinho e compreenda-me.


ORAÇÃO DOS IDOSOS

Benditos os que desculpam minhas mãos trêmulas e meus passos vagarosos.
Benditos os que sabem que hoje meus ouvidos terão dificuldades em escutar e meus o olhos para enxergar.
Benditos os que não levam em conta minhas inabilidades na hora de comer.
Benditos os que, sorrindo param um instante para conversar comigo.
Benditos os que não dizem: “esta é a terceira vez que você conta essa história hoje!”
Benditos os que têm o dom de lembrar-me os dias mais felizes do passado.
Benditos os que fazem de mim uma criatura amada e não abandonada.
Benditos os que percebem que não encontro mais forças para carregar a minha cruz.
Benditos os que têm caridade para comigo e, assim, me fazem lembrar da bondade de Deus.
Benditos os que tiram os espinhos do último trecho da minha caminhada para a casa do Pai.
Quando eu tiver ultrapassado o limite entre o tempo e a eternidade, lembrar-me-ei de todos junto ao Senhor.

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segunda-feira, 9 de junho de 2008

A Lenda do Graal


A Lenda, nos seus traços principais, pode ser resumida assim:
Um recipiente misterioso, que contém a vida e o alimento, é guardado por um rei, que está muito doente e vive num Castelo Imaginário e de difícil acesso.
O país onde se encontra o Castelo, está deserto e o rei será curado, se algum Cavaleiro especial achar o seu Castelo e, de acordo com o que os seus olhos perceberem, ele fizer uma pergunta, o rei ficará curado e ele se tornará rei, e guardião do Graal. Se ele não tiver curiosidade e não fizer a pergunta, tudo ficará como antes. Este Cavaleiro terá que continuar a busca do Castelo onde está o Graal, para se tornar um herói.
A principal motivação da Lenda, é, como nos Contos de Fadas, a “Busca” de alguma preciosidade a ser obtida pelo herói ou também a libertação de alguém enfeitiçado.
Porém, o Graal pode ser também a Lenda Cristã, onde ele seria o recipiente onde José de Arimatéia recolheu o sangue de Cristo ao descê-lo da cruz.
A partir do século XII e início do século XIII, surgem diferentes versões, em várias línguas, sobre a Lenda do Graal.
Na época do Renascimento, esta lenda ficou esquecida, como também os Contos, só reaparecendo na metade do século XVIII.
Nos séculos XIX e XX, os trabalhos literários sobre a Lenda do Graal já têm cunho científico, além de histórico-crítico. No século XIX, houve uma reformulação artística, surgindo o Parcifal de Wagner (uma grande obra com caráter psicológico).
Todas as correntes da Arte, Ciência, Movimentos Espiritualistas (antroposofia), ainda hoje se ocupam da Lenda do Graal.
Sabemos que o Castelo do Graal não pode ser localizado, mas, até hoje, também não se pôde localizar a origem desta Lenda. São conhecidas algumas hipóteses, entre elas, ser atribuída a lendas e mitos pré-cristãos da Europa Ocidental, especialmente os Celtas; a fontes cristãs Orientais ou cultos Persas ou Pré-cristãos; além de uma hipótese que vislumbra a origem no Culto Cristão, sobretudo na Missa Bizantina.
Nesta mesma época são conhecidas outras lendas, como: Lancelot; Tristão; Yvain, e outras.
É indiscutível que as raízes da Lenda do Graal estão, pelo menos em parte, no Oriente, isso revela-se nos textos.
Quanto à influência Celta, na maioria dos textos, o Castelo do Graal deve ser procurado na Bretanha, na Távola Redonda do Rei Artur e seus Cavaleiros, entre eles Percival. (em cada região ele tem um nome: Perseval ou Perletur (França); Perletur (Inglaterra); Parcifal (para Wagner).
A Lenda do Graal faz parte dos Contos Bretões ou Romance da Távola Redonda, conjunto de histórias em torno da lendária figura do Rei Artur da Bretanha e seus Cavaleiros. (filmes: Excalibur e Lancelot)
Esses Contos serviram como uma espécie de ensinamento da maneira de Ser e Viver.
Os Contos eram levados às Cortes da França e da Inglaterra, por Contadores e Narradores. Geralmente eram Lendas vivas ou Contos de sua terra , sendo a maioria Céltica.
Os Contos Bretões contém também um elemento que é especialmente familiar à mulher e a ela corresponde: o Irracional... o Mundo da Fantasia.
A predominância e uma tendência à irracionalidade, caracterizam tanto a mentalidade feminina, como a mentalidade dos Celtas, que eram puros, e isso será testemunhado nas suas lendas, contos e mitos.
Um dos traços do mundo das idéias célticas, é a crença na existência da um “País do Além”, habitado pelos imortais.
A Lenda do Graal é, em seus fundamentos, de natureza análoga, mas distingue-se de um Conto de Fadas, pelo fato de ser, pelo menos na forma tradicional que conhecemos, não anônima, porém criada por determinados poetas. Por isso, ela contém, por um lado, os traços arquetípicos da época e do seu espírito, em vista de que nos proporciona informações sobre a mentalidade específica da Idade Média.
obs.: Para alguns estudiosos e pesquisadores, a Lenda deve ter surgido no século VIII, mas não há provas concretas.

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domingo, 8 de junho de 2008

"Aprendendo a Ler com Prazer"


O “Direito de Ler” significa, igualmente, o direito de desenvolver as potencialidades intelectuais e espirituais, de aprender e progredir.
A Leitura foi outrora considerada, simplesmente, um meio de receber uma mensagem importante. Hoje, porém, o Ato de Ler é definido como um processo mental de vários níveis, que muito contribui para o desenvolvimento sistemático da linguagem e da personalidade. Além dessas vantagens, desenvolve, ainda, a capacidade crítica na auto-educação do ser humano.
Comparada ao cinema, à televisão, ao radio, a Leitura tem grande vantagem, ou seja, ela pode ser escolhida entre livros novos ou antigos, sem com isso perder a sua utilidade na aprendizagem. Pode-se ler quando se tem vontade, pode-se parar de ler para pensar ou descansar e também reler o que não foi entendido. Por toda essa flexibilidade, a Leitura deve gerar interesse contínuo, tanto em relação à educação, quanto ao prazer e hábito.
Para se conseguir que a Leitura atinja esses objetivos, é necessário que, antes de tudo, ela seja agradável, alegre, inteligente e criativa.
O Projeto tem, portanto, como objetivo principal, desenvolver, incentivar e estimular o Hábito da Leitura com Prazer.
Essa realidade só é conseguida se a criança for participativa nas Oficinas do Projeto, que usa um arsenal de atividades e técnicas para despertar e estimular o gosto pela Leitura, como: Desenho, Mímica, Fantoches, Contos, Dicção, Interpretação e Dramatização de Textos, entre outras.
A maior parte das crianças aprendem a ler mais cedo ou mais tarde, mais ou menos bem. Entretanto, somente uma minoria, felizmente uma minoria relativamente grande, encontra Prazer em Ler, e mais tarde, durante toda a sua vida, encontra benefícios na Leitura.
A preocupação maior, aqui, não é com essa minoria, mas com todas estas crianças que constituem a maioria, para as quais a Leitura (e aquilo que tem para oferecer) é um exercício que elas preferem evitar. Estas são, freqüentemente, crianças cujas experiências iniciais e posteriores com a leitura não foram experiências em que elas foram capazes de se envolver pessoalmente. Pelo contrário, a Leitura foi experienciada como procedimento essencialmente passivo, de mero reconhecimento das letras, palavras e frases que ficavam vazias de qualquer significado mais profundo.
Saber Ler é de grande utilidade prática em nossa sociedade e em todo o mundo. Infelizmente, porém, esta é a única razão que os professores dão às crianças quando lhes dizem que elas devem aprender a Ler. O que se precisa para que uma criança fique ávida por aprender a ler, não é o conhecimento sobre a utilidade prática da Leitura, mas uma viva fé que, sendo capaz de Ler, se lhe abrirá um mundo de experiências maravilhosas, permitindo-lhes livrar-se da sua ignorância e compreender o mundo e, assim, tornarem-se senhoras do seu próprio destino.

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A Importância das Histórias


É muito importante para a formação de qualquer criança, ouvir muitas histórias. É, através destas, que poderão, no futuro, tornar-se bons leitores.
Ser um bom leitor vai levar a criança a um caminho infinito de descobertas e de compreensão do mundo que a cerca e, também , do mundo Imaginário, através dos Contos de Fadas, das Fábulas e Mitos.
A criança, geralmente, tem seu primeiro contato com o livro e as histórias, através da mãe ou da avó, que, oralmente, lhes contam uma história que pode ser inventada na hora, pode ser um conto popular, uma lenda, uma fábula ou um conto de fada.
Através das Histórias, principalmente, dos Contos de Fadas, é que a criança começa a elaborar o Imaginário e a Fantasia e, inicia-se assim, a descoberta de emoções e situações importantes que estão contidas nos Contos e vão servir para que saibam lidar e resolver problemas como: raiva de irmãos; medo da morte; insegurança; relação familiar; ciúme; crises de identidade; sexualidade, além de conhecerem a Madrasta, a Bruxa, o Ogro, personagens muito fortes, mas fundamentais na vida de uma criança.
Além dos personagens, as crianças vão descobrir nas histórias outros mundos, outras formas de agir, outra ética, além da descoberta de que os Contos de Fadas são atemporais e acontecem sempre num lugar imaginário, daí sua magia e fantasia.

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Meu Projeto


Em 1961, criei um projeto para estimular o gosto e o prazer da leitura nas crianças e adolescentes. Chamei-o de “Aprendendo a Ler com Prazer”, achei o nome muito apropriado e deixei um pouco dele por onde passei, em Belém do Pará, em Brasília. Até hoje dou Oficinas de Leitura. É um prazer para mim.
Dentro deste projeto surgiu também o grupo teatral HistoriArte, pois a dramatização virava peça e um curso de teatro foi iniciado. Foram para o palco várias peças que falarei futuramente. Foram 10 anos com o grupo e muitas peças de sucesso.
Como gosto de mudar, resolvi dar Cursos de Contadores de História para formar mais pessoas que gostassem de contar. E deu certo.

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O Início da História


Comecei a gostar de Livros muito pequena. Meu irmão mais velho sempre me presenteava com livros, mesmo antes que eu soubesse ler. Mas certamente as figuras já me encantavam e, sem dúvida, foram as responsáveis pela minha paixão pela leitura e suas histórias.
O que sempre mais gostei foram os Contos de Fadas e as Fábulas . Tenho alguns que ganhei com 4 anos, além de ouvir muitas histórias contadas pela minha mãe e minha avó. Adorava, mergulhava no maravilhoso e na fantasia e era só felicidade.
Vivia quando mais velha na biblioteca do colégio e na estadual. Sempre fui devoradora de livros. Eles me sustentaram nas horas difíceis, sempre.
Quando me formei professora fui ser alfabetizadora, a responsabilidade de levar as letras para pequeninos. Foi quando comecei a utilizar os Contos de Fadas e após contá-los fazia com que dramatizassem o que ouviram. Deu certo. Todos saíram lendo bem.

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Dê uma comidinha ao panda